A veterana banda inglesa de doom metal que ao lado de suas compatriotas Paradise Lost e Anathena revolucionaram o estilo em todo mundo está mais ativa do que nunca! MyDyng Pride sob o comando de Aaron Stainthorpe encontra-se trabalhando em novas composições para um futuro álbum. Nesta exclusiva entrevista para o Noctum Magazine, Aaron fala dos momentos difíceis que passou com a doença de sua filha e dos rumos que a banda teve que tomar, além dos últimos lançamentos e muito mais.

Por Ary Nekrocvlt

Salve Aaron! Obrigado por responder nossas perguntas. Você está envolvido com a cena há mais de trinta anos e viveu muitas experiências. Há algo que o incomodou como músico durante todos esses anos?
– Certamente passamos por muita coisa; acidentes, doença, shows cancelados, grandes turnês, lugares incríveis, fãs incríveis, futebol com Iron Maiden, chá com Dio. Todas as coisas boas superam as coisas ruins, então não é tão ruim a longo prazo. Cada obstáculo colocado em nosso caminho, sempre superamos, o que acaba nos tornando mais fortes.
A banda teve início em 1990 tocando death metal auto-intitulado “Slower Than Usual” que mais tarde se tornaria My Dying Bride. Conte-nos como ocorreu essa evolução.
– Como a evolução acontece … muito lentamente. Apenas gerenciando o que tocamos e como tocamos. Ignorando o que todo mundo está fazendo na cena e apenas indo em frente, independentemente da popularidade. Mantivemos nossas cabeças baixas e fizemos exatamente o que queríamos fazer e ter uma grande gravadora como Peaceville significava que não tínhamos pressão para criar músicas populares para o rádio.
My Dying Bride ao lado dos seus compatriotas Anathema e Paradise Lost são consideradas as pioneiras do death/doom metal na Inglaterra, as primeiras bandas a defenderem a segunda onda do doom metal e seus subgêneros musicais. Como você analisa a cena atual de death/doom metal inglesa e mundial em comparação com a cena antiga? O que mudou durante esses 30 anos?
– A principal mudança foi o crescimento do estilo que agora é ENORME e é diversificado também, o que aumenta o sabor. É ótimo quando você lê uma revista e uma banda mais nova o considera uma grande influência, mas você nunca deixa isso subir à cabeça, não queremos ser estrelas do rock! É uma ótima cena para se fazer parte e é muito artística também, com capas de álbuns incríveis e letras maravilhosas e tristes, exatamente como eu gosto.
A banda está há mais de 30 anos em atividade. Qual é o segredo do My Dying Bride para se manter ativo por tanto tempo?
– Ainda temos muito a dizer e energia para tocar. Além disso, quando começamos essa jornada, não tínhamos um plano, o que significa que concordávamos com qualquer coisa. Os planos normalmente têm um ponto final, então qual é o propósito de termos um plano? Não tenho ideia de quanto tempo ainda podemos fazer isso, mas quando paramos, é porque eu ou o Andrew (ou ambos) decidimos que a banda não têm mais nada a oferecer.
Você passou por um momento pessoal difícil com sua filha doente. Foi difícil voltar a se dedicar ao My Dying Bride depois de tudo o que aconteceu? Em algum momento você pensou em desistir de seguir em frente com a banda?
– Foi muito difícil voltar para a banda e ‘sim’ eu considerei parar, embora eu soubesse que se eu parasse, seria apenas temporário. Na verdade, eu considerei “The Ghost of Orion” como um LP instrumental até pedi ao Andrew para encontrar cantores convidados para gravarem os vocais até meu retorno, o que na verdade teria sido bem legal. Mas foi muito difícil para mim e não gostei de nada do processo de gravação.

Considero o álbum “The Angel and the Dark River” um grande clássico do doom metal mundial. Como foi para você produzir este álbum?
– Nós nos divertimos muito fazendo esse álbum, pois toda a publicidade do álbum anterior nos mostrou que estávamos voando alto e isso acabou adicionando uma certa pressão porque você precisava ter certeza de que seria melhor do que o álbum anterior, mas para nós estávamos apenas fazendo o que vinha naturalmente e continuando com a tarefa de compor música boa e de qualidade. Também tivemos uma ótima relação de trabalho com nosso produtor Mags, que ficou com a banda durante 20 anos, tanto no estúdio quanto como engenheiro de som ao vivo.
Conte-nos como foi a produzido o videoclipe oficial de “Your Broken Shore”.
– Foi divertido, mas difícil também de fazer. Todas as fotos internas foram fáceis e confortáveis, com vestiários, banheiros, comida e lugares para relaxar. Mas as filmagens ao ar livre foram muito difíceis, pois a chuva não parava e era novembro no norte da Inglaterra, que é tradicionalmente muito frio. A parte em que eu estava no rio foi a pior, pois estava muito frio e eu mal conseguia falar. Quando eles me puxaram para fora, meu corpo inteiro estava tremendo e eu estava congelando, o que é bastante perigoso. Meu coração estava batendo tão rápido e forte que você podia vê-lo através da minha pele!
Como está a repercussão do EP “Macabre Cabaret”?
– Magnífico! Nosso primeiro EP depois de muito tempo e os fãs pareceram adorar, assim como a gravadora e a imprensa também. A arte ficou linda e a produção foi brilhante. Foi legal que a Nuclear Blast lançou também em vinil de cores diferentes o que é sempre divertido. Na verdade, essa arte aparecerá no rótulo do “rum” que estamos desenvolvendo com um cervejeiro na Escócia, então fique atento a isso em alguns meses.
Gostaria que você falasse um pouco sobre sua participação no novo álbum da banda brasileira The Cross “Act II – Walls of the Forgotten”.
– Eles entraram em contato comigo há algum tempo para ver se eu estava interessado em participar e acho que eles não esperavam que eu dissesse sim, mas eu gostei do que eles estavam fazendo, então eu aceitei o convite. Eles são uma boa banda e merecem mais publicidade e espero que minha pequena participação possa ajuda-los. Eles são pessoas legais também, o que sempre ajuda. Espero que eles possam abrir para nós na próxima vez que tocarmos no Brasil.
Ps.: A entrevista completa você confere na edição física #23. Lançamento via edições BlackHeart. Aguardem!!
