Projeto de lei foi apresentado pelo deputado bolsonarista Diego Castro (PL)

A Bíblia pode ser incluída como um conteúdo obrigatório nas escolas da rede estadual da Bahia, caso um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Diego Castro (PL) seja aprovado nas comissões da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) e receba o aval do plenário da Casa.
A proposta protocolada nesta terça-feira, 21, prevê o estudo das escrituras sagradas para o cristianismo sob a perspectiva histórica, literária, filosófica e cultural, como instrumento de compreensão da formação ética, linguística e sociocultural da humanidade. O projeto indica que a abordagem dos textos bíblicos deverá integrar as disciplinas de História, Literatura, Filosofia ou Ensino Religioso.
O texto pondera que em respeito à liberdade de consciência e de crença, a participação dos estudantes nas atividades relacionadas a matéria será facultativa, devendo ser assegurado o direito de dispensa sem prejuízo acadêmico àqueles que não desejarem participar.
Independentemente da fé ou crença de cada indivíduo, o texto bíblico constitui um referencial civilizatório, cuja compreensão é essencial ao entendimento da trajetória histórica da humanidade, da evolução do pensamento moral e da construção dos valores universais de solidariedade, justiça, liberdade e dignidade humanaDiego Castro
Aval em Salvador
No final de setembro, a Câmara Municipal de Salvador (CMS), aprovou uma Lei que estabelece a Bíblia Sagrada como material paradidático nas escolas públicas e particulares do município. A proposta foi apresentada pelo vereador Kênio Rezende (PRD).
Com a aprovação na Câmara, o projeto seguiu agora para sanção do Executivo municipal. A aplicação prática da lei dependerá de regulamentação que defina parâmetros para o uso do livro em sala de aula.
Críticas
A influenciadora baiana Bárbara Carine usou suas redes sociais para fazer um desabafo nesta segunda-feira, 20, sobre a proposta. Indignada, Bárbara alegou que as escolas não devem ser vistas como um “quintal da igreja” e que as instituições de ensino devem respeitar a diversidade religiosa do país, que é considerado laico.
“Ah, Bárbara, você está fazendo cristofobia, você está sendo contra… Gente, a Bíblia é um livro religioso, que as pessoas que pregam a fé cristã, elas vão adotar o seu livro dentro das suas igrejas. A escola não é um quintal da igreja de ninguém. A escola não é a extensão da igreja de ninguém. A Bíblia tem a sua liberdade de transitar nos ambientes religiosos, dentro da sua família, da sua casa, se é assim que você deseja”, disse ela.
A escritora ainda reforçou que este tipo de imposição reforça o preconceito e a intolerância contra religiões de matrizes africanas, que são demonizadas diariamente pelos evangélicos e católicos.
“Violentam, quebram tempos, matam pessoas. Construíram uma concepção de mundo unilateralizada, que só eles têm verdade da fé, só eles têm a noção do que é divindade. O resto tudo é demonizado, principalmente quando é vinculado a religiões de matriz africana. E aí, a gente está falando de uma cidade com 84% de população negra e aí vem a Câmara Municipal e faz um negócio desse? É um absurdo”, disparou. (ATarde)