Isadora Stefanhak Costa Arantes, de 20 anos, estuda astrofísica e tem dois grandes sonhos: se tornar uma grande cientista e astronauta. Jovem voltou de Mansfield, no Texas, no domingo (6).
Uma estudante de astrofísica e biologia do Rio Grande do Sul foi para a Nasa (National Aeronautics and Space Administration), nos Estados Unidos, participar de um programa de treinamento para astronautas, o Advanced Space Academy.
Isadora Stefanhak Costa Arantes, de 20 anos, viajou para Mansfield, no Texas, em 29 de outubro, e voltou ao Brasil no último domingo (6). O curso começou dia 30 e foi até dia 4 novembro. Além dela, participaram outras 14 pessoas.
“Tinha gente de diversas nacionalidades e áreas. Engenheiros, militares, pilotos e médicos. Eu era a mais nova e me sentia cercada de grandes pessoas”, diz.
Isadora estava no ensino médio quando foi selecionada e residia e Eldorado do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O curso deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiado para 2021 devido à pandemia de Covid-19. Como a situação de alerta persistia naquele ano, por segurança, foi transferido para 2022.
Por conta de ser um curso de uma semana, os dias eram cheios. Começavam às 8h e terminavam às 20h. Os alunos aprendiam conceitos de engenharia aeroespacial e participavam de um treino para se tornar astronauta. Entre as atividades, simulações de voo, mergulho, treinos físicos, aulas de idiomas, além de lições sobre medicina e agricultura espaciais, astronomia e astrofísica.
“Foi muito legal. Estimulante mesmo, sabe? Estar junto de pessoas que são da área e ser incentivada a seguir na carreira”, conta.
Ela tem dois sonhos: se tornar uma grande cientista e astronauta.
Inspiração e incentivo
Desde muito nova, Isadora sabia que queria cursar astrofísica. Ela acredita que essa certeza foi inspirada pelo pai, Otaciano Costa Arantes Filho.
“Ele sempre foi um apaixonado por astronomia. Não chegou a trabalhar com isso, mas sempre foi um interessado por física e astronomia. Me mostrava filmes e livros. Acho que foi daí que surgiu essa vontade [de seguir carreira na astrofísica]. Assistíamos filmes e líamos juntos. Lembro de um livro dele que li, ‘O universo numa casca noz’, de Stephen Hawking. Foi a coisa mais maluca que eu já tinha lido e pensei: ‘Nossa, quero estudar isso’, diz.
Aos 12 anos, lembra de ter dividido com professores da escola onde estudava a vontade de focar na área. Passou a ter apoio e supervisão da professora Ester Rosário Raphaelli Dal Ben, do Colégio Cenecista Santa Bárbara, em Arroio dos Ratos. No Facebook, publicou em um grupo que reunia profissionais da astrofísica, além de interessados na área, e chamou a atenção do professor Alberto Alves de Mesquita que, com a autorização dos pais de Isadora, começou a fazer uma espécie de mentoria com ela, pela internet.
De lá para cá, participou de olimpíadas e outros eventos de ciência até que chegasse à última conquista: a aprovação no curso da Nasa. Foi a professora Ester que falou da oportunidade. Foram três meses de preparo, com projeto científico, social, cartas de recomendação e redações.
“A ciência não faz parte da nossa cultura”
Isadora diz que sabe estar em uma posição de privilégio e que o seu caso é uma exceção se considerado o cenário da educação no Brasil. Em casa, ela teve o apoio da família. Na escola, o incentivo dos professores.
“A ciência não faz parte da nossa cultura. O Brasil é um país muito grande e diverso. Acaba que não temos uma constância em como as pessoas percebem a ciência. As pessoas acabam achando desnecessária, pois não tiveram estudo, o entendimento necessário, oportunidade para entender”, acredita.
Pensando nisso, a escritora Jaqueline Maierhofer Testa convidou Isadora para escrever um livro infantil que falasse sobre ciência e despertasse o interesse nos mais jovens. “E.t.zinhas intergalácticas” é ilustrado pela amiga da Isadora, Mariana Zomer Schmidt, e, de uma forma lúdica, fala sobre astronomia.
O trio lançou uma campanha de doação do livro para todo o país, pois pensam que é assim que podem inspirar crianças a pensarem em seguir carreira na ciência. Elas começaram por instituições de ensino das cidades de Eldorado do Sul e Arroio dos Ratos.
“As ciências, em geral, não são incentivadas. Astronomia, muito menos. E as crianças têm curiosidade e uma atenção muito grande quando é algo divertido. Essa foi a ideia do livro. A gente sabe que faltam recursos, então, já que não conseguimos chamar a atenção dos nossos governantes para essa área, nós é que precisamos fazer”, afirma a futura cientista.
(Por: João Pedro Lamas, G1 RS)
