Parlamentares não conseguiram acordo para estender o financiamento federal. Sem recursos, parte dos serviços públicos será suspensa, e funcionários públicos entrarão em licença.

O governo dos Estados Unidos deve entrar em paralisação nesta quarta-feira (1º) após o Congresso não conseguir aprovar um projeto orçamentário para estender o financiamento federal. Com isso, uma série de serviços públicos poderá ser suspensa. A medida também é conhecida como “shutdown”.
Na noite desta terça-feira (30), senadores tentaram aprovar o orçamento, mas a última proposta discutida recebeu apenas 55 dos 60 votos necessários. Em seguida, o Senado encerrou a sessão, indicando que retomará os trabalhos apenas na quarta-feira.
O Congresso tem até as 23h59 desta terça-feira para aprovar o texto (0h59 de quarta-feira, em Brasília). Mesmo que o Senado reabra os trabalhos e tente votar uma nova proposta de orçamento, o texto ainda teria que passar pela Câmara, que não está em sessão.
No centro do impasse que deve resultar na paralisação está a saúde. Os democratas afirmam que só aprovarão o orçamento se programas de assistência médica prestes a expirar forem prolongados.
Já os republicanos de Trump defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados separadamente. Eles acusam os democratas de usar o orçamento como moeda de troca para atender demandas próprias antes das eleições legislativas de 2026, que definirão o controle do Congresso.
Na segunda-feira (29), lideranças democratas e republicanas se reuniram com o presidente Donald Trump na Casa Branca para tentar negociar uma saída. As conversas não avançaram, e ambos passaram a se acusar de forçar a paralisação do governo.
A crise ganhou novos contornos nesta terça-feira com as ameaças do presidente. Trump afirmou que poderia demitir servidores e encerrar programas ligados aos democratas caso o governo fosse paralisado.
“Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, disse.
Com a paralisação, apenas serviços considerados essenciais continuarão funcionando, como segurança pública, fiscalização de fronteiras e parte do controle aéreo. Veja os impactos mais abaixo.
A última paralisação ocorreu entre 2018 e 2019, no primeiro mandato de Trump, quando ele exigiu que o Congresso aprovasse gastos para a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México. O presidente recuou 35 dias depois. O custo estimado da crise foi de US$ 3 bilhões.
Com o governo impedido de gastar, milhares de servidores públicos serão colocados em licença, enquanto outros, que trabalham em serviços essenciais, podem ter os salários suspensos. A remuneração será paga de forma retroativa quando o orçamento for normalizado.
✈️ O “shutdown” também pode afetar turistas. Companhias aéreas alertam que atrasos em voos são prováveis nos próximos dias.
- A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) informou que 11 mil funcionários serão enviados para casa.
- Durante a paralisação, 13 mil controladores de tráfego aéreo terão de continuar trabalhando sem receber salário.
- Atualmente, os EUA enfrentam déficit de cerca de 3.800 controladores.
- O shutdown de 2019 provocou filas maiores nos pontos de controle dos aeroportos. Na época, as autoridades reduziram o tráfego aéreo em Nova York.
Ainda no setor do turismo, parques nacionais, museus e zoológicos federais também podem fechar ou ter serviços internos suspensos.
💸 Para os moradores, alguns serviços continuarão funcionando, como o pagamento de aposentadorias e benefícios de invalidez, além de programas de saúde.
- O Serviço Postal seguirá operando, já que não depende do orçamento do Congresso.
- Programas de assistência alimentar funcionando podem continuar enquanto houver recursos.
- Tribunais federais e a Receita Federal podem ter operações limitadas se a paralisação se prolongar.
🚨 Em relação à segurança, agentes do FBI, da Guarda Nacional e de outras forças federais continuarão trabalhando, assim como patrulhas de fronteira e fiscalização de imigração.
- No Pentágono, mais da metade dos 742 mil funcionários civis será afastada.
- Visitas de chefes de Estado ou autoridades estrangeiras previstas durante a paralisação devem ser canceladas.
- Cerca de 2 milhões de militares americanos permanecerão em seus postos.
- Contratos fechados antes do início do shutdown seguem válidos, e o Departamento de Guerra poderá solicitar suprimentos para garantir a segurança nacional.
A paralisação também pode atrasar a divulgação de dados econômicos importantes, afetando políticas públicas e investidores, além de limitar empréstimos e serviços para pequenas empresas. (g1)