Ataque ocorreu no momento em que o presidente ucraniano pedia aos líderes do G7

Um míssil russo caiu nesta segunda-feira, 27, sobre um shopping, deixando ao menos dez mortos e 40 feridos no centro da Ucrânia, em um momento em que o presidente ucraniano pedia aos líderes do G7, reunidos na Alemanha, “um apoio pleno, total” para “acabar com a guerra”.
“Este terrível ataque mostra mais uma vez a profundidade da crueldade e da barbárie a que o líder russo está disposto a cair”, comentou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no G7, acrescentando que esse tipo de agressão “só fortalece a determinação” dos ocidentais de ajudar a Ucrânia.
De acordo com a Força Aérea ucraniana, o shopping “altamente frequentado” de Kremenchuk foi atacado por mísseis disparados por bombardeiros de longo alcance Tu-22 da região russa de Kursk.
“Dez mortos e mais de 40 feridos. Esta é a situação atual em Kremenchuk por causa do ataque com um míssil”, disse Dmytro Lunin, que chefia o governo regional de Poltava, onde se encontra esta cidade que antes da guerra tinha 220 mil habitantes.
O ataque foi descrito nesta segunda-feira como “totalmente execrável” pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.
“O mundo está horrorizado” com o ataque russo a um shopping center na Ucrânia, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Outro bombardeio russo nesta segunda, na cidade ucraniana de Lysychansk, deixou oito mortos e 21 feridos, segundo o governador da cidade.
“Hoje, em Lysychansk, os russos dispararam contra uma multidão de pessoas com lança-foguetes múltiplos Uragan enquanto os civis buscavam água em um depósito. Oito moradores morreram, 21 foram levados ao hospital”, disse Sergei Gaidai, governador da reigão de Luhansk, no Telegram.
Ataques em Kharkiv
Por outro lado, novos bombardeios russos contra Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, deixaram nesta segunda-feira, 27, quatro mortos e 19 feridos, entre eles quatro crianças, segundo o governador local Oleg Sinegubov.
“O inimigo aterroriza deliberadamente a população civil”, escreveu no Telegram.
Na Alemanha, os líderes do G7 se comprometeram nesta segunda-feira a apoiar a Ucrânia “o tempo que for preciso” e prometeram mais sanções contra a Rússia.
O G7 seguirá “dando apoio financeiro, humanitário, militar e diplomático” à Ucrânia “o tempo que for preciso”, segundo uma declaração conjunta publicada na cúpula que acontece no Castelo de Elmau em Baviera.
Falando por videoconferência na reunião, o presidente ucraniano, Volodomir Zelensky, pediu “fazer todo o possível” para acabar com a guerra antes do final do ano e evitar “a dureza do inverno ucraniano” que torna os combates mais difíceis.
Zelensky, que participará também da cúpula da Otan em Madri na terça-feira, pediu aos líderes das sete potências democráticas mais ricas do planeta (Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Japão e Canadá) que “intensifiquem as sanções” contra a Rússia.
Ajudar a Ucrânia
O G7 também quer “coordenar o uso de tarifas alfandegárias sobre produtos russos para ajudar a Ucrânia”, começando com tarifas mais altas, disseram seus líderes. “Continuaremos aumentando a pressão sobre Putin. Esta guerra deve acabar”, tuitou o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz.
Os líderes do G7 também expressaram sua “profunda preocupação” após o anúncio de que a Rússia poderia transferir mísseis com capacidade nuclear a Belarus.
Na vanguarda do apoio à Ucrânia, os Estados Unidos contemplam fornecer à Ucrânia um sofisticado sistema de mísseis terra-ar, indicou nesta segunda-feira uma fonte que classificou essa iniciativa como “prioridade” para o presidente Joe Biden.
Otan se reforça
A cúpula do G7 será acompanhada por uma reunião da Otan em Madri, que estará voltada para a situação na Ucrânia.
Nesta segunda-feira, a Aliança Atlântica anunciou que aumentará suas tropas em situação de alta disponibilidade para “mais de 300 mil combatentes” (em comparação com os 40 mil atuais) e que enviará mais armamento pesado a seu flanco leste.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que essas medidas “constituem a maior revisão da nossa defesa e presença coletiva desde a Guerra Fria”.
Por outro lado, à medida que a guerra se prolonga, seu impacto em outros países se intensifica, com o aumento dos preços dos alimentos e a energia que impulsiona a inflação mundial e reacende os temores de recessão.
“Fazemos um apelo urgente à Rússia para que pare, sem nenhuma condição, seus ataques à infraestrutura de agricultura e de transporte, e que permita o livre trânsito de envios agrícolas desde portos ucranianos no mar Negro”, afirmaram os líderes do G7 na declaração conjunta.
Com milhões de toneladas de grãos bloqueadas nos portos ucranianos, cresce a preocupação de que as nações africanas altamente dependentes das exportações da Ucrânia possam enfrentar a fome.
Argentina, Indonésia, Índia, Senegal e África do Sul foram convidados a se unir à cúpula do G7 a partir de segunda-feira.
Putin, por sua vez, fará sua primeira viagem ao exterior desde o início da ofensiva contra a Ucrânia ao Tadjiquistão (na terça) e ao Turcomenistão (na quarta) para comparecer a uma cúpula dos países do mar Cáspio. (AFP – Foto: Sergey Bobok)