O Fantástico teve acesso com exclusividade à investigação que revela como um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro montou o próprio serviço de importação de armas.

O Fantástico teve acesso com exclusividade à investigação que revela como um dos traficantes mais procurados do Rio de Janeiro montou o próprio serviço de importação de armas. Fuzis e drones de guerra chegavam em casa, por encomenda – muitas vezes até com código de rastreio.
Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, era o chefe da operação. As investigações apontam que o traficante era assessorado por Everson Vieira Francesquet, apelidado de “Deus” nas negociações com fornecedores.
“Isso aí vem dos Estados Unidos para o Paraguai. O Paraguai não tem fiscalização aduaneira. Paraguai é liberado. Os caras devem comprar de fora ou comprar lá mesmo. Mas lá deve ser um pouco mais caro. Atravessa a fronteira, da fronteira, manda por correio”, diz Everson Vieira Francesquet em um áudio interceptado pela polícia.
Everson foi preso em julho de 2023, em uma operação conjunta da Receita e da Polícia Federal, ao tentar retirar uma encomenda nos Correios em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O pacote continha um fuzil anti-drone, identificado na remessa como “brinquedo eletrônico”. No entanto, o armeiro do tráfico foi solto depois pela Justiça.
Em nota, os Correios informaram que mantêm atuação rigorosa no combate ao envio de objetos ilícitos e colaboram com órgãos de segurança. A DHL Express afirmou que não compactua com atividades criminosas e acompanha o caso. O AliExpress declara que repudia qualquer atividade criminosa e está disponível para colaborar com as autoridades responsáveis.
Importação de armas
No celular de Everson, a PF encontrou mensagens com vendedores da China e do Paraguai. O esquema envolvia laranjas que movimentavam grandes quantias via Pix. Comprovantes mostram pagamentos de R$ 30 mil e R$ 32 mil usados na compra de armas.
A PF afirma que a facção comprava fuzis do Paraguai por valores que variavam entre R$ 7,5 mil e R$ 15 mil.
Nova prisão de Everson
A operação revelou ainda que Everson foi preso novamente neste mês, ao se apresentar à Justiça. Ele responde por tráfico internacional de armas e participação em organização criminosa. A PF quer sua transferência para um presídio federal.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Everson.
Peixão segue foragido
Peixão segue foragido. A Polícia Civil já fez operações para tentar prendê-lo, incluindo a destruição de um resort do tráfico construído dentro de uma favela, com academia, piscina e lago artificial. Agora, ele também é indiciado por importação ilegal de armas e equipamentos de guerra. (OGlobo)