Home Justiça ‘IA vai escrever sentenças no Brasil em breve’, afirma ministro Luís Roberto Barroso

‘IA vai escrever sentenças no Brasil em breve’, afirma ministro Luís Roberto Barroso

por Atitude Notícias
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, avaliou em entrevista ao BNEWS os avanços e os riscos que a Inteligência Artificial (IA) representa, especialmente no Poder Judiciário.

O ministro defende que a IA já está transformando a Justiça, seja na automação de processos administrativos ou na organização de informações processuais. Entretanto, fez um alerta: é preciso que o avanço tecnológico seja acompanhado de supervisão humana e regulação adequada para proteger a democracia e os direitos fundamentais.

BNEWS: Ministro, como o senhor enxerga a aplicação da inteligência artificial no Poder Judiciário, especialmente aqui na Bahia, onde há escassez de servidores?
Luís Roberto Barroso: A inteligência artificial já tem sido utilizada para a automação de procedimentos administrativos e burocráticos, que é o mais óbvio. No Supremo, nós já usamos para identificar recursos por temas, resumir processos mais longos — tudo isso, claro, sob supervisão humana. Mas eu estou convencido de que, em um futuro relativamente próximo, a IA estará produzindo, pelo menos, a primeira versão de decisões judiciais e administrativas, sempre com recurso para uma pessoa humana, para um tribunal de seres humanos.

BNEWS: Na prática, isso pode trazer mais celeridade para os processos?
Luís Roberto Barroso: Sem dúvida. A IA é capaz de realizar tarefas que hoje exigem muitas pessoas. Isso, especialmente em um país como o nosso, com déficit de servidores, poucos juízes e muitos processos, pode ser extremamente relevante. Ela agiliza muito, sim, tanto os trâmites administrativos quanto, potencialmente, os decisórios. Um exemplo claro é o INSS, que enfrenta uma fila enorme por falta de estrutura. A IA poderia, por exemplo, ser usada para deferir automaticamente benefícios, deixando para análise humana apenas os indeferimentos. Isso acelera os procedimentos e, ao mesmo tempo, protege os cidadãos.

BNEWS: E quais são os principais desafios desse avanço?
Luís Roberto Barroso: O grande problema é que a velocidade da transformação tecnológica é vertiginosa. Você não consegue regular a IA no detalhe. É preciso trabalhar com grandes princípios: proteger os direitos fundamentais, a privacidade, a liberdade de expressão e, principalmente, proteger a democracia contra a disseminação do ódio e da desinformação. É fundamental garantir que haja transparência e controle humano sobre decisões que impactam a vida das pessoas.

BNEWS: O senhor vê esse avanço com otimismo?
Luís Roberto Barroso: Eu vejo, sim, com muito otimismo, mas com os pés no chão. A IA traz promessas importantes e positivas, mas também riscos que precisam ser enfrentados com uma regulação eficiente. Como eu costumo dizer, há algo de novo debaixo do sol, e isso vai impactar profundamente até mesmo o próprio significado do que é ser humano na Terra.

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