Enviados dos EUA chegam a Israel

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que daria ao grupo terrorista Hamas uma “pequena chance” de cumprir o acordo de trégua com Israel em Gaza, mas alertou que o grupo seria “erradicado” caso não o fizesse.
“Combinamos com o Hamas que eles serão muito bons, que se comportarão”, disse Trump a repórteres na Casa Branca, ao receber o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
“E se não o fizerem, entraremos em ação e vamos erradicá-los. Se necessário, eles serão erradicados”, acrescentou.
Trump mandou dois enviados especiais para se reunir com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, depois que a violência do fim de semana ameaçou destruir o frágil cessar-fogo que o presidente americano havia negociado há quase duas semanas. Steven Witkoff e Jared Kushner, genro do presidente, chegaram ontem a Israel.
Trump insistiu, no entanto, que as forças americanas não participariam de uma represália contra o Hamas.
Há dezenas de países que concordaram em se juntar a uma força internacional de estabilização para Gaza que “ficariam encantados em intervir”. “Além disso, Israel interviria em dois minutos se eu pedisse”, declarou Trump.
“Mas, por enquanto, não pedimos. Vamos dar a eles uma pequena chance e, com sorte, haverá um pouco menos de violência. Mas eles (Hamas) são pessoas violentas”, ele continuou.
Trump afirmou que o Hamas ficou enfraquecido depois que o Irã, seu principal apoio, sofreu ataques severos dos Estados Unidos e de Israel no início deste ano.
O presidente americano tinha dito no domingo, 19, que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas permanece em vigor, mesmo após bombardeios das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) contra alvos do grupo terrorista localizados na Faixa de Gaza, ocorridos mais cedo no mesmo dia.
Segundo Trump, os líderes do Hamas não estão ligados às supostas violações da trégua, e os responsáveis seriam “alguns rebeldes entre eles”.
Horas antes, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, minimizou a renovada violência em Gaza, dizendo a repórteres que haveria “altos e baixos” na trégua e que se o “Hamas atirar contra Israel, eles terão que responder”. Vance também afirmou que Washington monitora a situação para uma “paz sustentável”.
O vice-presidente americano visitará Israel nesta terça-feira, 21.
A violência de domingo foi a primeira dessa magnitude desde que a trégua entrou em vigor em 10 de outubro, após um acordo entre o Hamas e Israel com base no plano de Trump para encerrar a guerra em Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
A Defesa Civil de Gaza, que opera sob a autoridade do Hamas, afirmou que ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 45 palestinos no domingo.
Outros quatro palestinos foram mortos por disparos israelenses a leste da Cidade de Gaza ontem.
Reuniões “para discutir os últimos acontecimentos”
Netanyahu recebeu o enviado de Trump, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do presidente dos EUA, ontem “para discutir os últimos acontecimentos”, disse o porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian.
Nem Witkoff nem Kushner falaram após o encontro com Netanyahu.
Uma delegação do Hamas esteve no Cairo ontem para conversar com altos funcionários do Egito e do Catar sobre a frágil trégua e a situação pós-guerra em Gaza.
Este diálogo abordará “a formação de um comitê de especialistas independentes responsáveis pela gestão de Gaza” após a guerra, de acordo com uma fonte próxima às negociações. (Estadão)